Desempenho de detentos do Amazonas foi o melhor em 4 anos de participação

O sistema prisional do Amazonas teve 16 detentos que conseguiram superar a nota mínima exigida no Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem-PPL). Com as notas, os detentos podem se candidatar a vagas do Programa Universidade para Todos (ProUni) ou a emissão do certificado do Ensino Médio. Além disso, quatro detentos puderam participar do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que teve o resultado divulgado na última segunda-feira (18). Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), esse foi o melhor desempenho dos detentos nos últimos 4 anos.

A unidade prisional que mais teve detentos com pontuação superior mínima foi o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), do regime fechado. Dos sete “aprovados” na unidade, cinco participaram do Projeto Bambu, que é um grupo de estudo formado por presos com o apoio e estruturada fornecidos pela Umanizzare Gestão Prisional. Segundo o secretário Pedro Florencio, o bom desempenho dos candidatos reflete aquilo que sua gestão deseja. “Nós queremos que eles vejam na educação uma chance de mudar e deixar a cadeia com outro rumo”, destacou Florencio.

No regime semiaberto masculino, dois detentos também se destacaram. Três internos da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) também atingiram nota superior à mínima. No interior, o interno de Maués, Mario Fernando Oliveira de Souza, de 59 anos, passou na primeira chamada para o curso de Ciências Biológicas no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam). Duas mulheres, do Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF), estão no grupo de detentos que atingiram as notas.

Pedro Florencio ressaltou que o número, comparado ao total de inscritos que foi superior a 500, é significativo apesar de pequeno. “É uma evolução que estamos tendo ano a ano. Nós queremos que eles acreditem na possibilidade de mudança por meio do estudo e trabalho. Ano que vem com toda certeza teremos mais inscritos e, não temos dúvidas, mais notas que levam não só ao caminho da universidade, mas ao caminho da mudança”, destacou o secretário.

O incentivo aos estudos tem sido reforçado em todas as unidades do sistema prisional da capital e do interior. “O Governo do Amazonas através da Seap, está em busca de promover espaços e oportunidades de estudo para todos os internos do sistema. O objetivo é motivá-los em busca de uma capacitação para alcançar novos objetivos quando retornarem ao convívio social fora das prisões”. Lembrou o secretário.

Solução 

Mesmo tendo alcançado a nota necessária para a disputa no Sisu, nem todos os 16 foram inscritos. Segundo a diretora da Escola de Administração Penitenciária (Esap), Sônia Cabral, o site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) teve problemas e, em todo o país, detentos que alcançaram a nota foram prejudicados. “Nós não conseguimos porque houve atraso na divulgação das notas e o prazo para inscrição foi curto”.

Entretanto, os 12 detentos que não puderam ter a inscrição efetivada por conta do problema, tiveram seus casos informados ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que busca solucionar o problema para que os candidatos não sejam prejudicados. O secretário de Estado de Administração Penitenciária, Pedro Florencio, reforça que a Seap irá acompanhar de perto a questão dos outros internos para que suas inscrições sejam aceitas. “O problema foi identificado e já entramos em contato para que esses internos que se dedicaram, estudaram e se superaram possam ser reconhecidos. O esforço deles não será em vão”, disse o secretário.

Mesmo sem poder se inscrever no Sisu, os 15 que fizeram mais de 450 pontos em todas as disciplinas, podem obter a certificação do Ensino Médio e também se inscrever no Programa Universidade para Todos (ProUni).

 

TEXTO: LÍVIA ANSELMO | SEAP

FOTO: VITOR SOUZA | SECOM